Dinheiro, felicidade, consumismo e autoconhecimento

Você deve estar achando bastante estranho uma profissional de Yoga falar sobre dinheiro e consumismo. Tive vontade de conversar sobre esse tema após ver o documentário chamado "Minimalism: A Documentary About the Important Things". Além do mais eu tenho uma certa familiaridade com esses dois assuntos: trabalhei por anos no mercado financeiro e sou pós-graduada também em Gestão Ambiental.

Existe uma ligação importante com esses dois tópicos e o ponto central do Yoga - o Autoconhecimento. Vamos refletir sobre isso:

Uma pesquisa de dados recente da Gallup World Poll  interrelaciona a felicidade à renda. Através dessa pesquisa, 1,7 milhões de pessoas em todo o mundo foram questionadas sobre a "saciedade de renda", ou seja, até onde ganhar mais dinheiro influecia em seu bem-estar emocional e avaliação de vida. Apesar das diferenças culturais, políticas e econômicas nesses 164 países pesquisados, as respostas foram muito parecidas: A principal foi a melhoria do padrão de vida material, seguido por uma vida familiar mais feliz, e em terceiro lugar o estado de saúde própria e familiar.

Corroborando um estudo anterior feito por Richard Easterlin, Economista americano, o dinheiro e a felicidade andam juntos até um certo limite. Depois de suprir essas necessidades descobertas pela pesquisa do Gallup, mais dinheiro não significa mais felicidade. Mais interessante ainda é que, passado esse limite financeiro de aproximadamente 60 a 90 mil dólares por ano, a satisfação com a vida tende a cair! As pessoas entram em um processo onde adquirir bens materiais gera apenas um prazer temporário que logo se transforma em desejo de adquirir mais - o famoso consumismo.

Pense: em um mundo com um turbilhão de informações recheadas de estímulos ao consumo há décadas, acabamos por consumir em excesso, passando até mesmo dos limites de recursos naturais de nosso planeta. Estamos consumindo mais do que ele pode gerar! E todo esse consumo gera resíduos que "jogamos fora", sem pensar que não há "fora". Estamos matando o nosso planeta, estamos poluindo a nossa própria casa.   

A falta de conhecimento sobre si mesmo traz a sensação de incompletude. Num mundo onde o lucro é o mais importante, somos estimulados por todas as mídias a adquirir coisas que nos completem, mas nada consegue completar. Podemos até permanecer satisfeitos por um pequeno período de tempo, mas logo estamos em busca de algo que aplaque nossos desejos.  O desejo não é saciado porque não é aquilo que efetivamente queremos. As coisas nos são importantes pela experiências que nos geram, pelas histórias que criam em nossas vidas. E à medida em que fazemos grandes conquistas materiais, perdemos o ato de apreciar as pequenas coisas da vida que nos trazem grandes experiências, como tomar um bom café na companhia de quem gostamos, caminhar a pé em meio à natureza, ser útil à comunidade, etc... 

Questione-se: quais experiências você realmente busca? Observe sua história de vida, seu patrimônio material. Os seus bens estão te dando acesso às experiências que vc deseja? Fazendo essa reflexão, talvez você perceba que tem bens que apenas ocupam espaço, não agregando valor nenhum às suas experiências. Possuí-los dessa forma inerte te faz feliz?! E se você ainda tem poucos bens materiais e se esforça para conseguí-los, já parou para pensar em o que te move a consumir? Seus "objetos de desejo" vão gerar boas experiências, não apenas para você, mas para a sua família, amigos, comunidade?!

Essa pequena reflexão é um processo de Autoconhecimento. Revisitar sua história de vida, repensar seus objetivos, é Autoconhecimento! 

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